LOT 26 Dutch school, 17th century
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A group of four oils on canvas Dimensions 111,5x89 cm (each) Notes Proveniência/Provenance: Colecção/Collection de António Maria Tovar de Lemos Pereira, 1º Conde de Tovar (1843-1917) Identified in the purchase book dated from 1894 with the description: " "4 tableaux femmes representant les saisons époque" and bought in Haua for 200 guilders Identified in the "inventaire de meuble et objects de la maison calle Hortaleza 91 à Madrid" dated 1908 as: "4 tableaux: les quatre saisons", located at "Salle à mange" A ESCOLA DE CLAUDE DÉRUET (1588-1660) O epitáfio gravado no túmulo do pintor Claude Déruet, localizado na Igreja Carmelita de Nancy, indica-nos que este foi um pintor que nunca havia retratado a nudez feminina. Aparentemente a nudez nunca foi um objecto central na sua pintura, mas sim a beleza feminina. E isso levou-o a ser a fonte para um verdadeiro cânone estético feminino, tendo-se tornado o pintor favorito das mulheres juntamente com os irmãos Henri e Charles Beaubrun. O entusiasmo da época pelos retratos ao “estilo Déruet” podem ser medidos pelas diversas pinturas de seguidores ou do ateliê do mestre que aparecem no mercado de arte, sendo estas quatro alegorias mais um exemplo. O conjunto de quadros que agora trazemos a leilão apresentam conformidades a nível das figuras, das composições e das técnicas da pintura que nos permitem atribuir aos seguidores de Claude Déruet. A ideia, de que no retrato a realidade física deve ser acentuada, remete para uma concepção maneirista onde é defendido que o artista tem a última palavra. Sob o signo da deformação e do exagero Déruet aplica indiscriminadamente os seus “tiques pictóricos”. Assim, quer seja em pinturas de caracter religioso ou em pinturas alegóricas, encontramos os olhos desenhados como amêndoas, as sobrancelhas muito apuradas, um nariz esticado por um subtil jogo de sombras, uma tez branca como se fosse porcelana e uma boca – quase sempre vermelha para enaltecer as bochechas da mesma tonalidade – reduzida a pequenos traços. O embelezamento das jovens é discreto, habitualmente surgem com poucas joias (apenas uma pequena fiada de pérolas) e com vestidos discretamente elaborados. E, como o enquadramento incorpora as mãos dos protagonistas, estas são representadas grandes, finas e desarticuladas. Na realidade, o corpo feminino parece ser o meio favorito para deformações e alongamentos maneiristas, e geralmente o artista acrescenta ligeiras readaptações dos modelos de Bellange chegando a representar as figuras com uma barriga saliente. Filho de Charles Déruet (relojeiro dos Duques de Lorena) e de Françoise de Naiz, o jovem Claude nasceu no ano de 1588 e cresceu numa família próspera com quatro irmãos e irmãs. Foi tardiamente (aos 16 ou 17 anos) que decidiu envergar por uma carreira artística, e foi a 19 de abril do ano de 1605 que celebrou um contrato de aprendizagem com o artista Jacques Bellange (1575-1616). Os seus primeiros traços, bem como as primeiras silhuetas que produziu, são o exemplo de que as memórias do seu primeiro mestre nunca saíram das suas mãos. Não por incapacidade, mas talvez por convicção e fidelidade a um modelo, e deste modo talvez tenha sido a arte de Bellange que guiou o jovem Claude para a profissão de pintor. A sua obra está repleta de figuras de uma elegante estranheza e exuberância que até o abade Michel de Marolles (1600-1681) apreciava e colecionava. Sob a égide de Bellanfe, Déruet permiou de forma indirecta as primeiras interpretações do maneirismo que havia chegado a Lorena graças aos laços políticos e artísticos com Florença, Mântua, Fontainebleau, Parmesãi e Fréminet que haviam influenciado o trabalho do seu mestre. No verão de 1619, quando regressou a Nancy, Claude Déruet foi inundado de honras. O Rei Henrique II de França ofereceu-lhe casa e uma pensão, e ao mesmo tempo foi nomeado pintor oficial dos Duques de Lorena. Foi nesta altura que recebeu o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo de Portugal, tornando-se o sucessor perfeito de Bellange. Mas a sua fama não explica todo o seu sucesso. Ao analisarmos a pintura de Déruet conseguimos perceber que esta está adaptada à corte, pelo que difere do barroco grandiloquente da igreja e das “vulgaridades” caravaggianas e privilegia todos os temas que mostram os valores da nobreza e da cavalaria. TIAGO FRANCO RODRIGUES BIBLIOGRAFIA: Fessenden, DeWitt H. - The Life and Works of Claude Deruet: court painter, 1588–1660. Brooklyn, 1952. Rosenberg, P. – France in the Golden Age Seventeenth-Century French Paintings in American Collections, The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, 2013
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